Desde o seu lançamento em 2020, o Pix transformou o sistema de pagamentos brasileiro, consolidando-se como o principal método de transferência no país. Com mais de 160 milhões de usuários e bilhões de transações mensais, tornou-se parte do cotidiano da população e das empresas. Contudo, a mesma agilidade que impulsionou sua adoção massiva também abriu espaço para riscos crescentes: fraudes, golpes de engenharia social e transferências realizadas sob coerção.
Até recentemente, a premissa era clara: Pix efetuado, Pix concluído. O MED (Mecanismo Especial de Devolução), criado pelo Banco Central, oferecia uma alternativa em casos de fraude ou falha operacional, mas seu alcance era limitado. A recuperação dos valores dependia de processos internos das instituições financeiras e frequentemente resultava em frustração para os usuários.
Com a entrada em vigor, em 1º de outubro de 2025, do botão de contestação, o Banco Central inaugura uma nova fase no arcabouço regulatório do Pix, introduzindo um mecanismo de reversão mais ágil e efetivo em situações de fraude.
O novo recurso permite que o usuário conteste uma transação diretamente no aplicativo bancário. O fluxo definido pelo regulador é o seguinte:
Esse fluxo cria um instrumento preventivo contra o escoamento imediato dos recursos, reduzindo significativamente a eficácia de golpes em que o fraudador depende da rápida movimentação para contas intermediárias.
É fundamental compreender as fronteiras regulatórias desse mecanismo:
Essa delimitação garante que o botão não seja utilizado de forma indevida para reverter transações legítimas ou disputas comerciais comuns.
Para sustentar o botão de contestação, o Banco Central promoveu ajustes relevantes no regulamento do Pix e do MED:
Esse cronograma reflete a complexidade técnica envolvida na adaptação dos sistemas bancários e das soluções de pagamento que orbitam o Pix.
O botão de contestação não é apenas um recurso adicional para o usuário final — ele altera a lógica operacional de todo o ecossistema de pagamentos.
Para empresas de tecnologia e software houses, os principais impactos são:
O novo mecanismo não elimina totalmente os riscos associados ao Pix. Golpistas ainda podem tentar contornar o bloqueio realizando saques imediatos ou movimentações em espécie. No entanto, a simples existência do botão representa um desincentivo relevante para práticas fraudulentas.
Além disso, o recurso:
O lançamento do botão de contestação marca uma evolução significativa no modelo de governança do Pix. Mais do que um recurso operacional, trata-se de um sinal de maturidade do sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, que busca equilibrar velocidade, acessibilidade e segurança.
Para os usuários, a mudança representa proteção adicional contra fraudes.
Para o mercado, é um reforço regulatório que fortalece a confiança no Pix.
E para as software houses, abre-se uma janela estratégica: adaptar sistemas de forma proativa e posicionar a segurança como diferencial competitivo.
Na CANVI, entendemos que inovação tecnológica só se sustenta quando acompanhada de mecanismos robustos de proteção. O botão de contestação é mais uma evidência de que o Pix segue em constante evolução — e de que os players do mercado precisam acompanhar esse movimento para não ficarem para trás.